Era uma vez uma família.
Uma família que não saía.
Uma família que vivia pra família.
Essa família vivia num lar.
Num lar doce lar.
E essa família poucos visitavam.
Essa família era melancólica.
Porém, essa família tinha um orgulho.
A pequena alegria em meio ao marasmo.
Era um menino prodígio.
A máquina perfeita para seus planos.
Era o orgulho da família.
Ele nunca pediu pra ser prodígio.
Ele nunca se importou com isso.
Se se importou, foi influência do meio.
Mas com o tempo, ele foi crescendo.
E aprendendo a não ligar pra isso.
E com o tempo, foi pegando desgosto
e sentindo raiva dessa situação.
E, quando outra parte da família vinha visitar,
Deixavam bem claro seu orgulho.
E ele percebia que era apenas uma máquina
Para os planos que não eram dele.
Para as expectativas que não eram dele.
E não tinha quem se importasse
Se ele era feliz, se ele gostava daquilo tudo
E o que restava era um sobrado para se isolar.
Onde aqueles visitantes faziam parecer
Que estudos eram tudo na vida
Ignorando que aquele menino prodígio
Também queria ter vida social.
E, enquanto eles se divertem com seus defeitos
Criam a ilusão de que o que ele vivia era perfeição.
Mas, no fundo, os defeitos são as qualidades
E fazem essa vida valer a pena.
E a perfeição, nada mais é, que tédio
Que uma vida pacata, sem riscos
Sem amores, sem amigos
Sem risadas, sem felicidade
E o menino era um verdadeiro otário.
O orgulho da família era uma piada.
E ninguém queria saber
Se, na sua cabeça, residiam dúvidas
Se, nas suas costas, pesava a expectativa
Se ele, no fim, era feliz
Portanto que ele fizesse o papel bem feito
Todos ficavam satisfeitos
Era mais fácil lidar com uma máquina
Do que enxergar um ser humano
Que sente, que vibra
Que chora no seu canto, isolado
Que faz um barulho e chama a atenção
Era uma vez uma família.
Essa família fornecia lar a um robô.
*ao som de Stratovarius (Forever Free, Paradise e Coming Home)
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Quem sou eu
Raphael Fernandes
Carioca, Brasileiro, Estudante de Robótica
Hiperativo, Imperativo
Gosto de tecnologia, de transporte, de Rock, de reclamar e de propagandas criativas (e outras coisas que posso ter falado em um post ou não)
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