8 de fev. de 2022

Gramado e Canela valem a pena?

Recentemente, fiz uma viagem de férias a Gramado e Canela, inspirado nas boas experiências serranas com Campos do Jordão, Penedo e Petrópolis. Queria compartilhar um pouco da experiência e fazer um balanço de vantagens e desvatagens. 

O deslocamento para Gramado não é curto, mas também não é nada surreal. Por exemplo, na viagem para Jeri, além do tempo de deslocamento até Fortaleza, tem também a estrada e a distância é bem longa. Já para Gramado, o vôo de Rio ou São Paulo até Porto Alegre é bem rapidinho e a viagem por estrada leva cerca de 1h30.

Vale pontuar que, como comprei a passagem com muita antecedência pela 123 Milhas, quando fui fazer o check-in online, descobri que não conseguia fazê-lo no horário previsto, e tive um pequeno susto, mas, insistindo um pouco no chat da 123 Milhas, consegui descobrir que o vôo mudou de horário, ou melhor, fomos realocados em outro vôo. Felizmente, foi no mesmo dia só um pouco mais tarde, então fiz o check-in online um pouco mais tarde. A época em que fui também me parece propícia a essas mudanças, era próximo do Natal: aeroportos cheios.

Para o deslocamento entre Porto Alegre e Gramado, é necessária tomar uma decisão de projeto. As opções a princípio são:

  • Alugar um carro em Poa - bom se você pretende visitar os pontos turísticos mais distantes de carro ou ir para outras cidades, como Nova Petrópolis ou Bento Gonçalves. Não é vantagem se quiser ficar pelo centro de Gramado ou Canela ou se contratar transfer para ir para os locais mais afastados. As vagas de rua do centro de Gramado e Canela são baratas, mas muito disputadas, o que me parece ser um risco de ter que morrer uma grana a mais num estacionamento particular. Ou perder precioso tempo buscando vaga. Uma estratégia válida é tentar encaixar o deslocamento de Poa e fazer as atrações mais distantes no intervalo da primeira diária, e já devolver o carro. E fazer algo similar na volta, com Canela.
  • Comprar uma passagem da Citral em ônibus rodoviário - é uma opção mais barata, mas que pode custar precioso tempo. Os horários são limitados, então dificilmente vai ter um encaixe confortável entre o horário da chegada do vôo e a saída do ônibus (que, pelo que li, passa no aeroporto). Por exemplo, como nosso vôo mudou de horário e acabou chegando tarde, não sei se teríamos uma opção do ônibus no fim do dia
  • Contratar um transfer - É a opção que nos pareceu o melhor custo benefício: pegamos um transfer compartilhado. Também há a opção do transfer particular, mas é bem mais caro. Usamos a empresa Kruse Turismo, com o pagamento via Tche Ofertas na ida, e a Turistur na volta. A Kruse é mais barata, mas passou credibilidade e o serviço foi bem prestado. Optamos pela Turistur na volta por termos menos flexibilidade devido ao horário do aeroporto e era a indicação entre os guias turísticos. Ambas as empresas foram pontuais e não tivemos problemas. 
  • Chamar um Uber - Essa opção pode parecer mais barata que o transfer, mas vai depender muito da sorte. Li que essa opção é usual entre os viajantes, mas pela experiência que temos com Uber para longas distâncias, a maioria cancela. Além disso, o preço pode disparar numa tarifa dinâmica


Ficamos no hotel Laghetto Gramado - descobrimos que tem vários Laghettos por lá. A localização do hotel foi ótima (10 minutos de caminhada até o centro de Gramado) e teve um bom custo benefício. Para quem vai de carro, tem algumas vagas de rua na frente do hotel, mas é possível deixar no interior do hotel pagando uma diária. O hotel dá vista para o lago (Joaquina Rita Bier) onde acontece o Natal Luz - Nativitaten. 



Atrações

De modo geral, achei as atrações de Gramado e Canela caras e muito voltadas para pais com filhos pequenos. Nossa primeira compreensão disso veio na hora de decidir comprar ou não o ingresso para o Natal Luz, que é bem caro, custava 110 a inteira. Lendo as resenhas na internet, tivemos essa impressão de que seria muito voltado para o público infantil. Os principais eventos do Natal Luz são "O grande Desfile de Natal", que acontece em um centro de eventos - pelo que entendi, similar ao Riocentro aqui no Rio ou o Anhembi, em SP, mas muito provavelmente muito menor - e o "Nativitatten", que fica no Lago Rita Bier. Dado o preço e as resenhas não muito favoráveis, optamos por não comprar. Acabamos ficando sabendo sem querer sobre o espetáculo Sonho de Natal de Canela, gratuito e ao ar livre, que realmente vale a pena. Na ocasião, os shows acontecem duas vezes ao dia, às 20h e às 21h, na Catedral de Pedra. É um show de luzes projetado na Catedral muito bem feito.


Outra atração gratuita e que vale a visita é o Lago Negro. É possível caminhar um bom trecho (cerca de 3 km) do Laghetto e arredores até lá, mas não há muito o que ver além de casinhas fofas. É uma distância ideal para ir de bike, se houver a oportunidade. Não há dificuldades para parar o carro próximo também, mas as vagas próximas ao Lago são muito disputadas, então, é provável que ainda precise caminhar uns 5 minutos do ponto de parada do carro. Fomos andando e voltamos de Uber. 


Preços dos pedalinhos: 50 a 60 reais


Vale mencionar uma dica para o uso do Uber. Os locais mais afastados não compensam para os motoristas de Uber irem, como o Skyglass, os Bondinhos aéreos, o restaurante Garfo e Bombacha e a Vitivinícola Jolimont. Na verdade, dificilmente haverá sinal de celular nesses lugares mais distantes para o retorno, então você pode até conseguir ir, mas vai ser arriscado não conseguir voltar. Fica mais favorável para quem está com carro, mas no Skyglass, terá que pagar o estacionamento (algo em torno de 20 reais preço único). A opção que fizemos foi pelo passeio fechado da Turistur chamado Tour Especial Canela. Nossa agente fechou por R$166,00 por duas pessoas e o passeio inclui Skyglass, Castelinho Caracol, Churrascaria Garfo e Bombacha, Catedral de Pedra de Canela e Alpen Park, sem estarem incluídos no preço ingressos e buffet. Há também transfers particulares que levam e trazem em horários combinados, mas pelo que entendi, só fecham preço de diária, então, acaba saindo caro, mas permite flexibilizar. No caso do pacote fechado, se o cliente quiser ir nos Bondinhos Aéreos em vez do Alpen Park, só conseguiria em outro pacote e em outro dia. 

Outro passeio que fechamos pacote da Turistur foi o Tour Uva e Vinho, que inclui Festival Italiano a bordo do Trem Maria Fumaça (passeio entre Bento Gonçalves e Carlos Barbosa), Parque Epopeia Italiana (Bento Gonçalves), Vinícola Aurora (Bento Gonçalves) e Fetina de Formaio (Carlos Barbosa). Neste pacote, que sai por R$345,00 por pessoa, os ingressos estão inclusos. Vale frisar que as cidades percorrida (Bento Gonçalves, Carlos Barbosa e Garibaldi) não ficam próximas a Gramado e Canela, então, é feita uma pequena viagem de 2 horas para chegar lá.


O passeio de Maria Fumaça e a visita à Vinícola Aurora fazem o pacote valer a pena, já as outras paradas não são tão motivantes. A Epopeia Italiana é um cinema/teatro que conta a imigração italiana com um viés mais voltado para pais com crianças e a parada na loja Fetina de Formaio me pareceu basicamente uma desculpa para visitar a loja da Tramontina (é onde o ônibus para e em frente à loja de queijos). Talvez se fosse uma visita técnica à fábrica da Tramontina fosse mais interessante, mas essa parada no showroom da Tramontina foi exagerado no tempo e não tinha muito o que fazer a menos de itens inflacionados que podemos comprar pela internet mais barato sem ter que socar na bagagem. Voltando para a parte boa, a visita à Aurora não foi como imaginávamos no sentido de ter contato com a colheita das uvas (parece que a visita à Chandon tem algo assim), mas passamos pelos tonéis de fermentação e conhecemos um pouco da história da cooperativa de sucos, vinhos e espumantes. E claro, degustação regada. A lojinha no fim do tour tem preços justos e vale levar os itens mais exclusivos. Os sucos de uva tinto e vinhos suaves são mais comuns de encontrar nos mercados e não talvez não valha a pena levar o peso. A propósito, foi nesse passeio que tomei conhecimento que as companhias aéreas permitem levar uma caixa de bebidas fechadas na mão (itens de até 1 litro), então, se levar o peso não for problema, é possível levar uma caixinha de lembrança. 


E o passeio de Maria Fumaça, passando pelas cidades de Bento Gonçalves, Garibaldi e Carlos Barbosa, também tem degustações de vinhos da Garibaldi, shows de música e claro, o charme do trem com cheirinho de lenha queimando. Vale bastante a pena. 




Outro ponto turístico que visitamos foi o Mundo a Vapor, famoso pelo trem caindo do telhado. É mais uma atração mais voltada para pais com filhos pequenos, mas de todo modo, é uma visita interessante. Porém, se levarmos em conta o preço da atração, pode não ser tão viável. Os ingressos custam 60 reais por adulto e dão direito a uma volta de trem num pequeno trajeto nos fundos do galpão onde as demonstrações acontecem. As demonstrações falam da evolução do uso do motor a combustão para as variadas finalidades, com destaque para o mini vergalhão feito na hora em uma mini caldeira. 


Gastronomia

O restaurante Garfo e Bombacha já foi citado anteriormente foi uma das nossas paradas de almoço no passeio do Skyglass. Achei o preço justo e o esquema é buffet liberado com costela gaúcha e sobremesa, mas bebidas são pagas à parte. Achei um ponto negativo do passeio limitar o tempo de almoço para 1 hora contada a partir do momento do desembarque do ônibus, acredito que ficaria mais folgado se fosse 1 hora e meia, para aproveitar uma boa comida e ter tempo de conversar. O restaurante tem a atração da noite gaúcha, com shows típicos. Seria nosso plano inicial, mas acabamos desistindo pela distância e por já ter ido no restaurante pelo passeio. Supostamente, o passeio deu um desconto no valor do preço do buffet. O guia deu a entender que não é garantido que o passeio sempre faça a parada no restaurante, mas acho que não devem ter muitas opções na estrada do Skyglass, então parece conveniente para clientes e para as empresas de passeios. 


Outro ponto que estávamos previamente querendo visitar é o La Meuse Canela, que conhecemos por Instagram e tem como atrações as cervejas artesanais na torneira e drinks bonitos. 


Vale também conhecer, em Gramado, o Café du Centre, uma lanchonete/cafeteria muito charmosa, com doces caprichados.



Perto dali, temos o McDonald's com jeitinho de casa na Serra. 


E o Velha Bruxa, que chegamos a olhar o cardápio, mas achamos muito caro (mas tinha fila na porta).


Vale a visita também no bar Le Spot bem no centrão de Gramado (não sei por que, o nome no Google Maps estava Downtown Pub & Beer, parece que esse bar mudou de endereço, talvez valha a visita também). O esquema do Le Spot é cardápio virtual e uma espécie de ifood presencial, onde o pedido é feito pelo site e servido alguns minutos depois. Você também pode chamar algum atendente caso queira tirar dúvidas. O espaço é pequeno, mas bem bonito e as porções dos petiscos são justas. 

Conhecemos também o restaurante Carne & Osso, qu/e, infelizmente, não tinha costela gaúcha, pelo menos não no dia em que fomos. O restaurante fica na divisa de Canela e Gramado, perto do Mundo a Vapor e foi bem fácil de chegar e sair de Uber/99. O ambiente é bem bonito e os preços são um pouco mais caros, mas nada surreal. 

E de resto, conheçam as lojas de chocolates. As marcas mais presentes são a Prawer (um pouco mais cara) e a Lugano. Obrigatória a lembrancinha de um chocolate de Gramado, não é? 

Balanço

Acho que vale racionar a grana para levar em conta o que vale a pena de atrações. O Skyglass é como uma parada obrigatória, mas é caro e é um passeio rápido. Vale a pena por ser inusitado. Não visitei o Bondinhos Aéreos, mas me parece que é um lugar bom para conhecer também. Já as atrações do público infantil podem ser mais válidas para os pais com filhos, como o Mundo a Vapor, Minimundo e Mundo de Chocolate, pois os ingressos são caros e não vai render entretenimento para adultos sem filhos. As caminhadas a pé pelos centros de Gramado e Canela valem muito a pena, tem restaurantes para todos os gostos e vários muito bonitos, me parece mais justo gastar nos restaurantes e bares que nas atrações. Como alguns blogs informam, também tive a sensação de que Canela é mais barata que Gramado, então pode ser o melhor lugar para lembrancinhas e jantares. 

As distâncias das atrações mais isoladas também foi um ponto baixo pois não há muita alternativa a não ser pacotes fechados de agência, transfer privativo ou carro próprio. Os ônibus de linha não passam nessas regiões, o que acredito que possa ser uma melhoria para as cidades no futuro, para ajudar a democratizar o turismo. A questão da mobilidade pareceu deixar Gramado/Canela pra tras com relação a Rio, São Paulo, Fortaleza, etc. Me impressionou saber, durante a estadia, que Gramado seria o segundo destino mais procurado no Brasil, ficando atrás do Rio. Pesquisei e vi que realmente está nos tops, dependendo da pesquisa, ficando em segundo ou terceiro ou mais abaixo, mas sempre nos top 10. 

O único real inconveniente da viagem foram os agentes de Condomínios Multipropriedade. Acredito que seja algo pras prefeituras se atentarem, mas algumas abordagens são bem chatas. A maioria, porém, é educada, mas ainda assim podem levar a armadilhas de conversas infinitas sobre um sistema de compra de propriedade. Fora isso, a segurança, limpeza e cordialidade foram otimos na cidade. 

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Quem sou eu

Raphael Fernandes
Carioca, Brasileiro, Estudante de Robótica
Hiperativo, Imperativo
Gosto de tecnologia, de transporte, de Rock, de reclamar e de propagandas criativas (e outras coisas que posso ter falado em um post ou não)
Musicalmente falando, sou assim.

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