28 de abr. de 2009

Coisas que só se aprende na prática

Lição 0 do dia: Se você pretende ir no Extra, então vá no Extra.
Resolvi, voltando de Bostafogo, descer no Largo da Barra e pegar o segundo ônibus lá. Eu ia pro Extra. Mas tava com preguiça de dar a volta até o Barra Shopping. Antes tivesse ido. Iria sentadinho. No Largo da Barra, todos os ônibus já vinham cheios (no Extra iria sentadinho no 751, e o pior é que ouvi duas pessoas resolvendo isso no S-20). Decidi ir andando e ver o que ia dar. Tem certas coisas que você só aprende na prática. E eu não tava satisfeito com a caminhada da Taquara.

Coisas que se aprende a pé:

1 - Atravessar no Itanhangá é um desafio.

Primeiro, ainda na Barrinha, quase fui atropelado tentando ir de um lado para o outro da Estrada da Barra da Tijuca. Dali da passarela, não tem como passar pro lado da Ilha dos Pescadores sem encarar o trânsito. Resolvi que era mais fácil atravessar indo em direção ao Joá, tinha mais pausas de carros (menos procura). Então descobri que não tinha calçada, só uma rocha. Isso já pode entrar como uma segunda lição.

2 - Calçadas non eqcistem no Itanhangá

Então precisaria ir para o lado da Ilha dos Pescadores mesmo. Então, na minha ingenuidade, decidi atravessar por partes. Mas ali não é lugar de pedestre, e ninguém vai nem olhar se tem um maluco no meio tentando atravessar. Então, um doente, tentando ultrapassar outro carro, me encontrou, eu andei pra traz, já crente que ia morrer ou provocar uma porrada de carro se batendo atrás, fui andando e voltei pra "calçada" da rocha. E abri os braços pro motorista que saiu reclamando (talvez isso comprove a teoria do Mineiro que as pessoas, na Barra, tem medo de atropelar, pode ser um VIP). Dali pra frente, tinha certeza que morrer seria questão de tempo. Fui tentando achar calçadas até que cheguei no Espaço Itanhangá. Nunca tinha reparado (coisas que só se repara a pé), ali não tem sinal. Ir pra lá de ônibus é um caos. Bom, eu poderia dar um jeitinho, dando uma volta gigante pra evitar atravessar a rua, pegando um 752 na ida. Mas lá não tem sinal. Muito menos calçada. Fui tentando me agarrar à grade, foi ridículo. Já tava pensando que um segurança ia querer me dando um esporro ali. Se agarrando a grade. Devo ir parar no You Tube. Desisti de ir me grudando na grade, era muito extensa. Decidi que atravessar ea a melhor opção. Tinha um outro cara atrás que queria atravessar. E não parava de pasar carro. Até que por algum milagre, parou, atravessamos correndo, eu e o outro doente que tava andando. No meio, percebi que não tinha como seguir, tinha um rio e a passagem acabava, era rua ou rio e tinha uma pontezinha estratégica que ia pra trás. Parecia que ir pra trás seria a melhor opção. Atravessei a pontezinha, e caminhei do lado do rio, num espaço ridículo, às vezes tendo que ir pra rua mesmo. Até que outra pausa e consegui atravessar por completo. Sempre em frente. Agora, estava do lado do Itanhangá Golfe Clube. Que porra gigante. Andei, andei e não acabava. E, calçada? Às vezes tinha. Parecia realmente uma trilha, tinha troncos para superar, poças, lama. Sobre o tamanho gigante do Itanhangá Golfe Clube, vamos a mais uma lição.

3 - O Itanhangá Golf Clube faz você dar uma volta gigante

Analisemos o mapa:


E tome Pedra do Itanhangá. Indo pela Estrada do Itanhangá, se vê ela de todos os ângulos. A Pedra do Itanhangá é outra fonte de voltas e, como é estrada antiga, ia-se contornando a natureza. O combo Estrada de Jacarepaguá + Avenida Engenheiro de Souza Filho + Estrada do Itanhangá + Estrada da Barra da Tijuca, (muito) antigamente, simplesmente, Estrada da Tijuca, era muito utilizado nos primórdios da Barra e ainda é muito usado hoje, pra fugir do engarrafamento da Ayrton Senna e ir para a Barra desenvolvida e, claro, por pessoas como eu, que moram nas voltas para os universos paralelos que essas estradas levam. Essas voltas podem nos levar a crer que seria uma boa uma estrada direto para a nobreza. Essa idéia não é minha. Isso é meio que um mito. É óbvio que precisa, mas nem se fala muito. Enquanto isso, encara-se engarrafamentos e voltas.



4 - O Itanhangá é escuro

E não só o Itanhangá. Na Ayrton Senna, andar na ciclovia foi um desafio. Aquele dia foi uma aventura também, fui andar longe na ciclovia e acabou ficando tarde. E escuro. Caraca, muito insano. Não enxergava a ciclovia, se tivesse um buraco eu me fudia. E de um lado Lagoa, do outro, carros voados com farol alto fazendo você enxergar pior ainda. Mas isso é outra história isolacionista maluca solitária... Voltemos ao passeio a pé no Itanhangá. Sim, muitas luzes apagadas. E muitos trechos que também não dava pra ver o chão.

5 - Ciclovia do Itanhangá é sonho

Com a falta de calçadas, acho bem pouco provável que a ciclovia do Anil até a Barra, passando pelo Itanhangá, saia um dia do papel. Muito necessária por sinal, provavelmente no horário de hush, muita gente da Tijuquinha e do Rio das Pedras deve ficar se arriscando na estrada para ir para a Barra. A bicicleta é um investimento baixo para o governo, é ecológica, desalivia ônibus, faz bem pra saúde, é econômica, para o governo e para o usuário. Mas com calçadas fudidas que nem a pé, muito menos numa cadeira de rodas, dá pra se andar, fazer uma ciclovia é utopia.

Prosseguindo a viagem, passei entre a Lagoa e a Pedra do Itanhangá. Muito longo o caimnho depois disso, no ônibus vai rapidinho, em pouco tempo se tá na Muzema. Anda, anda, anda e nada da Muzema, e coisas vazias. Cena: Um cavalo em primeiro plano e os prédios da metrópole deposi da Lagoa ao fundo. E deposi da Muzema, mesma sensação. Andar muito pra chegar no Rio das Pedras, finalmente. Mas, na última esticada até a parte que eu já ando normalmente . Planejava pegar uma kombi na Estação Azul porque só de pensar o que eu já conhecia e que faltava, era desanimador. Mas, no meio do caminho tinha uma poça d'água enorme. Não dava pra encarar, fiz sinal para um 750 que gentilmente abriu a porta para eu me jogar lá dentro e sair do meio da estrada, sem nenhum ponto perto e sem muito o que fazer. Terminou assim minah saga. Num total de 7,6 km. Do Rio das Pedras até aqui, faltaram 3,5 km...

No final das contas, uma cidade que se dá ao luxo de querer sediar Olimpíadas, que faz citações à tentativa nas partes principais da cidade, uma cidade dessas não pode ter tantos problemas assim. E isso bem perto da Barra, o principal ponto teórico das Olimpíadas. Mas essa Barra que ninguém vê, ou não quer ver, e que não interessa muito, e que fica colada à Floresta da Tijuca e do outro lado da Lagoa, essa fica ai, sem calçadas, com lama, com poças gigantes.

Fiquemos então com uma foto do outro lado da Lagoa, a vista do Itanhangá para a Metrópole:


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Quem sou eu

Raphael Fernandes
Carioca, Brasileiro, Estudante de Robótica
Hiperativo, Imperativo
Gosto de tecnologia, de transporte, de Rock, de reclamar e de propagandas criativas (e outras coisas que posso ter falado em um post ou não)
Musicalmente falando, sou assim.

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