O problema de aplicar este argumento ao ensino é que a própria pesquisa - e, para quem não estiver familiarizado com o meio universitário, me refiro aos estudos de base para os quais a universidade (deveria) se dedicar - é baseada na meritocracia (mais sobre o assunto neste vídeo). Talvez (e provavelmente) as notas das provas na faculdade não sejam justas, mas é este é um dos modos como uma pessoa consegue oportunidades dentro da própria universidade. E, simplesmente, "colocar para dentro" um aluno despreparado só vai trazer decepções para o próprio aluno. Então vem a segunda parte da inclusão, a bolsa, para que o aluno não desista. Mas antes disso tudo, o aluno deve ser preparado para entrar na universidade com boas condições de estudo, e aí vem uma solução mais inteligente, os cursos pré-vestibular comunitários, onde professores da própria universidade e alunos de licenciatura ou outros cursos dão aulas gratuitas para alunos de favelas e conjuntos habitacionais próximos às universidades.
Retirado do IBGE |
Ainda na TV, que, apesar de seus muitos defeitos, ainda é a porta de entrada da informação para muita gente, por que não temos mais atores negros? Temos aí uma Malhação que só traz atores novos e sem experiência alguma, poderia dar uma chance aos jovens negros. Para quem assiste ao Doctor Who, da BBC, ao contrário das muitas séries americanas e novelas brasileiras, sempre tem atores principais, coadjuvantes e figurantes negros. Isso é uma baita inclusão, até se compararmos a proporção de negros aqui (uns 50%, incluindo pardos) e lá (uns 4%). E, conforme o título deste ensaio, por que não na publicidade. Após uma série de propagandas, ua de bebês, todos branquinhos como a pomada, uma de celular pedindo a opinião de empresários, todos brancos e outras, fico me perguntando se uma lei, incentivando de forma sutil-porém-impositiva não seria interessante.
Por si só, a iniciativa das agências de publicidade e das empresas deveria existir e seria muito importante, mas, aparentemente, não há muito interesse ou sequer se pensa no caso. O que traz a pergunta: por que não pensam? Será que a discussão trazida para a universidade não está chegando à consciência do povo? Nesse ponto, acredito que a resposta seja sim, a universidade é importante, mas ainda não é tão visível para a população em geral, e acaba que a discussão fica também só no nível acadêmico. Então, são falhas na questão da meritocracia, no preparo do aluno e também na ampliação da discussão. Será que os profissionais de publicidade são tão alheios a esta discussão? E as empresas que os contratam? Acredito que não, acredito que simplesmente não se importam. Não no sentido de serem contrários, mas no sentido de não se importarem mesmo, não param pra pensar que eles mesmos podem dar sua contribuição. E, talvez na forma de uma lei de estímulo seja uma boa forma de tirar a inércia nesse sentido.
Não sei se esse discurso é real ou invenção, mas usar a imagem dele para falar mal das cotas por si só já foi falacioso |
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