3 de dez. de 2023

Proposta de alteração da linha 987 Gardênia x Pechincha e reativação da 939 Gardênia x Tanque

Originalmente postada no Cadê a linha 6 do metrô  


Linha 987 Gardênia x Pechincha - foto retirada do site da prefeitura

Neste post, trago uma linha surgida em 2023 e que foi fruto de grandes erros na inclusão de conexões de certas áreas da região metropolitana do Rio. Falo da linha 987 Gardênia Azul x Pechincha, que foi o que sobrou de três linhas que operavam e bem antes da decadência do transporte do Rio. A linha pega trechos da antiga 886 (que mais antigamente ainda, operava com S750), entre a Gardênia e a Estrada do Bananal, pegando a Uruçanga; a linha 887 (que já teve o número S751), nos trechos da Estrada do Pau Ferro e Retiro; e a linha 939 (fragmento da antiga 636, que hoje só opera entre a Taquara e a Tijuca), representando a ligação Anil x Taquara pela Freguesia. 

    

987 Gardênia Azul via Uruçanga - retirada do G1

A linha é um verdadeiro monstro do Frankenstein, com remendos dessas três linhas e o principal, sem conexão com o BRT. Ora, se a motivação para o corte das linhas originais foi a sobreposição alegada com trechos do BRT - o que não se justifica e vou explicar mais abaixo - por que os moradores dos lugares onde só o 987 passa não tem como finalizar sua viagem em um terminal do BRT - seja na direção da Barra, por exemplo, no Via Parque ou Rio 2, seja na direção da Taquara, na própria Taquara ou no Tanque. Em resumo, moradores que, antes do BRT, podiam ir de suas casas direto para a Barra ou Taquara com uma só condução, agora precisam de 3, e só conseguem pagar uma só passagem se uma das conduções for o BRT. Se ao menos isso se refletisse em redução de tempo de deslocamento, mas não é o caso. 

A alegada sobreposição do BRT com as finadas linhas é bem curta na direção Barra, portanto, do ponto de vista de ser concorrente ao BRT, é uma desculpa que não cola. Outra alegação é de que o trecho entre a Gardênia e a Barra para melhorar o intervalo da linha é justamente numa parte com muito engarrafamento e de fato é. As antigas linhas 886 e 887 iam até a Alvorada e ainda passavam no Barra Shopping e essa é uma região com trânsito muito intenso. Mas para cortar, a melhor solução poderia ser fazer a linha ser circular no Via Parque, passando por debaixo da antiga ponte estaiada e talvez ajudando um pouco quem tivesse como destino final o Península (apesar de não ser perto, já deixaria mais perto que qualquer outra linha), podendo ser a lateral do Via Parque um ponto de apoio, como era com a antiga linha 225 que passou a ser 345 e hoje, também foi fagocitada para operar uma parcial da parcial,  a 645 Jardim Oceânico x Saens Peña.

645 Saens Peña x Jardim Oceânico (retirada do site da prefeitura)

Outra alternativa para conectar o 987 ao BRT na ponta da Gardênia é fazer a conexão com a Avenida Abelardo Bueno, que é tão necessitada de ônibus, podendo aliviar o 613 que passa extremamente cheio nos horários de pico e ainda enche mais na passarela da Gardênia pois boa parte dos passageiros prefere fazer a conexão ali com uma linha comum que descer no Via Parque e ter que fazer uma viagem negativa e possivelmente pegar trânsito sem necessidade. Nessa alternativa, a linha poderia fazer ponto final no shopping Metropolitano ou no Rio 2. No shopping, espaço é que não falta nas ruas ao redor com a vantagem de ser uma viagem mais curta e minimizar o risco dos problemas de intervalo. E há uma grande demanda reprimida para o shopping, além de, claro, permitir ao passageiro terminar sua viagem no BRT, acessando as estações Metropolitano ou Rede Sarah. Já terminando no Rio 2, talvez na lateral da Jeunesse Arena, teria uma demanda grande de pessoas que já fariam a integração com o BRT, além de permitir a integração com uma estação Expresso, que dá acesso a lugares mais distantes como Sulacap e Vicente de Carvalho. 

Já na ponta do Pechincha, também foi infeliz a decisão de não finalizar a viagem nos terminais da Taquara ou do Tanque, já que linha já passa bem próxima. Também existe a questão do trecho desta ligação ser bem engarrafado e poder atrapalhar o intervalo. Mas, não havendo a conexão na Barra, que fosse na Taquara para ter acesso ao BRT pelo menos. Porém, a melhor solução parece ser a conexão na Barra e o retorno da linha 939 Gardênia Azul x Tanque via Taquara, para permitir a comunicação entre a Estrada do Engenho d'água com a Freguesia e a Taquara, coisa que não existe atualmente e acaba tendo que ser feita pela linha 987 dando mais volta e pegando 2 ônibus. Ou até mesmo o retorno da linha 636 no seu trajeto original, Gardênia Azul x Saens Peña, já que, lá atrás, a alegação do encurtamento da linha foi a soberposição do BRT. 

Uma pequena recapitulação sobre o 636: após a inauguração do BRT e o encurtamento das linhas, o 636 passou a ser Madureira x Saens Peña, sendo criada uma nova linha para o trecho Gardênia x Tanque, a 939A. A sobreposição da linha, entre a Taquara e Madureira, deveria ser feita por BRT e, nessa configuração, era possível fazer o caminho completo, pagando uma passagem, com a desvantagem de ter que esperar pela condução por  3 vezes. Na época, não era possível pagar 3 ônibus por uma passagem, mas havia uma exceção para as linhas alimentadoras. Não muito tempo depois, o 636 teve um trecho recuperado, passando a operar como Praça Seca x Saens Peña. Ficou um bom tempo nesse trajeto, mas acabou tendo mais um trecho recuperado, passando a ser Tanque x Saens Peña e fazendo integração direta com o 939. Nessa época, o mecanismo das linhas alimentadoras já havia sido extinto, caindo o "A" na numeração do 939, ou seja, não era mais possível pegar 3 ônibus se fosse um BRT e uma alimentadora. Chegou a ser comunicado o retorno da linha completa, assim como foi feito com o 766 e o 918. Após a pandemia, a linha 939 foi simplesmente "esquecida" pela operadora que, após o mecanismo da prefeitura para retorno de linhas abandonadas, alegou retorno do 939 na forma da colcha de retalhos que é a 987. Mas, há de se frisar que a 987 não faz as conexões que a 939 fazia e que a melhor solução seria ter o 987 e o 939 convivendo. Não faz sentido reduzir o trajeto do 636 por concorrência com o BRT se hoje, todo o trecho de sobreposição do BRT foi readicionado, e o trecho que fazia alimentação dos bairros com o BRT foi extinto. 

É compreensível que há problemas na distribuição dos recursos de transportes na cidade do Rio, o que fica bem visível na quantidade de empresas fechadas nos últimos anos. As empresas restantes acabam assumindo linhas demais e o serviço decai e, por conta disso, perde-se em alguns lados do transporte. Mas, se empresas saem do consórcio, deveriam vir novas e assumir as linhas, em vez do aparente comportamento de monopólio dos mesmos grupos que sempre dominam o transporte. Não é admissível perder conexões que existiam na cidade para conviver com má administração de outras empresas no passado. E, mesmo na filosofia de racionamento, certas coisas simplesmente não fazem sentido e parecem ser fruto de quem está desenhando o transporte sem ouvir a população, apenas no modo teórico. A linha 987 pode ser refinada e deve ser pensada como um modo de localidades menos servidas de transporte (Uruçanga, Pau Ferro e Retiro) terem a possibilidade de serem acessadas a partir de rotas mais troncais e na região, a única que existe é o BRT. Torço para que alguém influente leia esse post e traga a pauta de revisão das linhas 987 indo até o Metropolitano ou Via Parque e 636 retornando ao trajeto original na Gardênia ou tendo sua perna 939 reativada. 

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Raphael Fernandes
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Musicalmente falando, sou assim.

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