http://www.digestivocultural.com/jdborges/artigos/coletaneas/policomoelae/dicasdeumexveterano.htm
http://www.digestivocultural.com/jdborges/artigos/coletaneas/policomoelae/otexto.htm
Vou copiar alguns trechos deles e comparar com a realidade em que vivo. Os textos se referem à USP da época de 1997. Melhoramos bastante de lá pra cá, principalmente com relação à infraestrutura das salas: ar condicionado, "giz" que agora são canetinhas (e isso não sei até que ponto os professores pegam as disponíveis ou compram as suas próprias), projetores data show(substituiram as ditas máquinas de sono, que eu peguei só em uma matéria)...
Quando não apelam para o retro-projetor (popular "máquina do sono").
As carteiras não são "enferrujadas", apesar de serem de péssima qualidade, são novas, os auditórios, por sua vez já são mais antigos, mas a madeira é de qualidade boa, e o estofado dos móveis, geralmente é novo também. Minha única crítica com relação aos auditórios (tirando os que ainda não possuem cadeira com estofado, e são aquelas cadeiras de madeira da década de 80 com uma vala das várias bundas que ali sentaram, nem sempre retas) é a distância do assento à mesa.
Não é de se espantar que os alunos oriundos de uma escola particular, de um colégio bem cuidado, limpo e arrumado abandonem o curso de engenharia da Poli ainda nos primeiros anos. O mato crescendo por toda a parte, o barro e a lama se espalhando pelo chão, os vidros quebrados, as pinturas descascadas, a imundice das paredes, a ferrugem nas carteiras, a podridão das mesas, o desfacelamento dos pisos, as quinas lascadas, o esgoto a céu aberto, as goteiras — o ambiente na Poli é de causar aversão; e o primeiro choque a gente nunca esquece. Depois, não há palestra do Covas que levante a moral.
As coisas são bem limpas, tirando eventuais teias de aranha e manchas de infiltração/goteiras, não tem mato. Os banheiros vem sendo reformados (apesar de algumas vezes faltar papel e/ou sabonete, bem ilustrado por um amigo como o Principio da Incerteza do Banheiro da UFRJ, quanto mais papel, menos chance de ter sabonete e vice versa), o que nos leva à outra infraestrutura, não a das salas em si, mas do campus. O campus não tem fio, coisa de primeiro mundo, tem vastas áreas de grama, sempre aparada, poucas pichações (as pichações que existem estão lá desde sempre, em sua maioria). O prédio do Centro de Tecnologia em si é bem bonito, tem jardim, chafariz para dias comemorativos. Creio que, atualmente, o que mais choque as menininhas de zona sul seja a presença de moradores de comunidades no campus. Garotinhos pedindo trocado no tio dos doces, catadores de latinhas e entre outras coisas podem afastar as patricinhas: uma pena, no primeiro mês de aula, o campus é muito florido. Mas, talvez seja a falta de um shopping ou o cheiro de esgoto na Linha vermelha (e perceba, não é um problema do campus em si, mas da cidade do Rio de Janeiro) afastem essas beldades, talvez elas prefiram ir para a PUC, com todo respeito à PUC (e eu respeito). O principal problema do campus em si talvez seja a alimentação. A questão dos banheiros está melhorando, vários banheiros que eram um lixo quando entrei foram reformados, ainda existem banheiros lixosos, lamentavelmente, mas estão melhorando .Foram reformados banheiros do bloco A (IQ), E (EQ) e H, apesar de que estão em uma situação chata de muito tempo sem uma porta em uma das cabines e sem mictórios.
Voltando à questão da alimentação, avançamos nesse tempo que estou nesta universidade também. Mas pouco. Se, por um lado, destruíram uma pracinha de alimentação do lado do Burguesão (e só um dos tios foi realocado) para construir... Bem, não construíram nada no local, só pilotís. Por outro, ganhamos bandejões. De qualidade. Mas continua sendo uma luta para almoçar. O horário de meio dia é cheio em qualquer lugar, até o lanche mais pé sujo do trailler que ninguém vai tem fila. Muita gente se salva graças à "máfia" das quentinhas que antigamente atuava dentro do campus e agora, por motivos obscuros, vende no estacionamento. Os alojamentos também, apesar de nunca ter dormido lá, não parecem estar totalmente ruins. O acesso é muito pequeno, a demanda cresceu sem aumento das vagas. Claro que não é nenhum hotel de luxo, mas, pelo que dizem meus colegas, tem café da manhã e já entrei em um quarto, é pequeno, mas digno. Dizem que há problemas com ratos e internet. Taí, temos que melhorar nesse sentido.
Agora, na questão da infraestrutura da cidade, estamos mal... Trânsito ruim nos acessos da cidade universitária, ônibus cheios. As coisas prometem melhorar com o BRT Transcarioca. Mas não tenho muita fé nisso não, só vai juntar os ônibus num só. Mas, isso são questões da Cidade do Rio de Janeiro. E específicas do campus Fundão. Não sei como é esse problema nos outos campi (sim, no meu tempo, o plural de campus não era campus), mas imagino que sejam problemas parecidos, afinal, a maioria está aqui na cidade. E querem jogar todo mundo para o Fundão. Acho difícil, lamentável e prejudicial. Em Macaé, ouvi dizer de problemas estruturais mais severos: falta de professores e de hospital universitário, por exemplo.
Vestibular
Quando se pensa nos nossos engenheiros politécnicos recém-formados, em sua vasta maioria limitados, sem o menor conhecimento de Administração, Finanças ou Marketing — culpa-se, de saída, a Poli. A meu ver, a origem de muitos dos problemas dos politécnicos com a área de Humanas, em geral, está no Vestibular. Esse, ao instituir que o candidato aos cursos de Engenharia só deve, na segunda fase, fazer exames de Matemática, Física e Química, é, antes de tudo, o grande limitad or.
Acredite, conseguiram piorar o vestibular. Inventaram as cotas, um assunto esgotado pra mim desde que li sobre o subsídio a prévestibulares comunitários, que ensinam a pescar, e padronizaram o Enem para todo o Brasil, unificaram o vestibular do Rio, e tentaram unificar as Engenharias (acho que desistiram dessa idéia falida de novo, estou por fora do processo seletivo ultimamente). A boa prova discursiva da UFRJ podia ser cruel, mas era um bom teste. E tirando as notas de Física (o que eu vi, para a frente, que era um lugar comum da própria universidade), foi uma correção justa e digna da minha provinha. Foram dois domingos, um com provas não específicas (que você não podia zerar, de qualquer forma e, se você quisesse medicina, engenharia de petróleo ou direito, não podia deixar de gabaritar) e as específicas. Temos umas matérias sacaneadas de humanas na faculdade, eu particularmente acho-as inúteis e só tirei de bom a leitura do Admirável Mundo Novo dessas disciplinas. E eu realmente queria ter aprendido algo prático de economia. Mas foi só bobagem e caí no esquema "estudar pra passar" que tanto se repetiu ao longo desses anos.
Mesmo que você seja um gênio, nunca deixe para estudar na véspera da prova. O conteúdo é mais extenso e mais intricado do que você imagina; impossível absorver tudo num dia só.
Mas também não vá repassar, diariamente, toda a matéria dada. Se você tiver uma paciência de Jó, estude toda a semana um pouco. Se você tiver um certo saco, estude todo o mês. Se você for como eu, estude de três a sete dias antes da prova.
Até porque é impossível passar a matéria todos os dias. Beleza, você começa o período com gás, e a matéria no começo do semestre é só motivação. Ou revisão do que você esqueceu do semestre anterior. Aí você não estuda e, antes de perceber (exceto para matérias que tem teste toda semana), você já entrou em matéria nova e deixou acumular. Antes me culpava por isso, me achava um fraco que vinha para o facebook em vez de dar uma olhadinha de 15 minutos na matéria do dia que seja. Tentei passar a limpo (o que me levou a ter somente os rascunhos e só piorou as coisas), anotar, não anotar, pescar palavras chave e procurar na internet. Sim, foram várias táticas. Ainda acho que 15 minutinhos só pra dar uma lida são válidos, estaria dentro do método que propûs num post anterior. Mas, hoje em dia, depois de levar muita porrada, acho que o sistema é feito pra se estudar/fazer os trabalhos/começar a procurar ajuda na véspera dos prazos, de maneira que temos muitas horas de aula e nenhum prazer (o meu prazer, meu luxo, era o msn/facebook depois de chegar 19 horas em casa e fiquei muitas vezes chateado porque fazia isso. Mas é um dos poucos prazeres que me dou o luxo). E isso faria parte do "treino". Treinar para prazos curtos e para se afastar das coisas "mundanas".
Aulas
Não vou dizer aqui que as aulas, com duração absurda de quase duas horas, devam ser assistidas de ponta a ponta sem que se perca nenhum detalhe, nenhuma vírgula, nenhum raciocínio. Eu sei que a maior parte das aulas são chatas e que a maior parte dos professores são verdadeiros soníferos.
Contudo, em noventa por cento dos casos, é preciso estar presente. Não porque se aprenda efetivamente alguma coisa durante a explanação e/ou os exercícios. Acontece que quem não acompanha o curso, fatalmente dança.
Se você estiver ausente, não vai saber quem é a menina que tem letra bonita de cujo caderno é fundamental tirar xerox. E se você não a conhecer, ela não vai te emprestar suas preciosas anotações de aula. (Na Poli, as aulas copiadas de um bom professor, incluindo teoria e — principalmente — exercícios RESOLVIDOS, valem muito mais do que qualquer livro que se possa arranjar. Excetuando-se, é claro, os livros de Cálculo do Hamilton Luiz Guidorizzi — que são hors concours.)
Se você estiver ausente, não ficará a par de qual parte da matéria cada prova engloba. Também não vai saber do surgimento provinhas e/ou trabalhos "de ocasião" que podem elevar sua média.
Ademais, quando for fazer revisão de prova, seu mestre vai te acusar de nunca ter comparecido a nenhuma das aulas dele — o que lhe permite supor que você sabe ainda menos do que atestam suas notas.
Por fim, é preciso estar presente para conhecer quais são os colegas estudiosos com quem se pode tirar as dúvidas mais cabeludas. (Os grupos de estudo e de projeto, se bem escolhidos, vão te garantir relativo sucesso em provas e trabalhos.)
Nunca se isole. A Poli não pode ser vencida na solidão; qualquer tentativa nesse sentido é burrice.
Período Integral
A Escola (em período integral) toma tempo demais do aluno. De modo que: ou ele se dedica inteiramente à Faculdade, estudando em excesso e reduzindo seu universo à trinca "sala de aula, biblioteca, mesa de estudo"; ou ele se revolta, preenche suas horas livres com dependências (ou não), para, no fim, formar-se Engenheiro, porém com horror à Engenharia — o que é, no mínimo, intrigante.
Sem mencionar o fato de que o aluno, nos últimos anos, mal tem chance de fazer um estágio de meio-período (20 horas semanais), dada a quantidade de tempo que a Escola exige para si em forma de trabalhos e provas. (Aliás, muitos dos professores declaram-se francamente contra estágio "fora da Poli".)
O sistema não mudou muito. Tempo demais de aula, pouco tempo para estagiar. Será que as melhores do Brasil simplesmente te impedem de estagiar sem ser em laboratórios e incubadoras? Fui numa dinâmica na TIM, e só os da UFRJ não podiam fazer mais que 20 horas. Por sinal, 20 horas já é um milagre fora do campus. Imagina 30... Mas alunos de particulares, UFF, UERJ todos estavam dispostos a 30 horas sem o menor problema. Mas eu não culpo totalmente, até vejo algo de bom nisso. Começar a trabalhar dá uma preguiça natural nos estudos, você começa a ganhar dinheiro fazendo coisas práticas. Talvez as grandes faculdades estejam nos preservando dentro da universidade, sem estágios, para que nos foquemos em nos formar. Porque ainda tem diplomas valorizados no mercado. Ainda não senti isso, mas muitos me falam isso. E principalmente, nessas universidades, você faz engenharia social, como bem ilustrado pelo trecho.
A Poli não pode ser vencida na solidão; qualquer tentativa nesse sentido é burrice.
Destacando outro trecho: esse fato continua:
Aliás, muitos dos professores declaram-se francamente contra estágio "fora da Poli"
Você apanha, mas arruma contatos. É um ex-colega que possivelmente te alerta de uma oportunidade, ex-aluno de professor seu que tem destaque, colegas que montam grupo de estudos para concursos. Quem você conhece no Fundão deve te perseguir para o resto da vida. Já tive experiência de conversar com um contratante de uma empresa que foi aluno de IC do meu professor de IC na época, de falar com um gerente que teve aula com um professor com quem eu fiz um curso na PUC. E, como disse um mestre, você pode não aprender nada, mas ouve falar, acredito que o "ouvir falar" e saber onde procurar e a quem perguntar já é uma vantagem danada.
A questão de não assistir aula, eu tenho essa mesma sensação. Não servem para nada, mas você tem que ir. Por mais que você conheça todo mundo da turma, é bom freqüentar, ficar entediado, dormir, jogar angry birds. Deve ser alguma psicologia louca em que o entrar por um ouvido e sair pelo outro ajuda, de fato, na hora de sentar e estudar. Utopicamente falando, se você estudar a matéria antes do professor dá-la, você entende a aula e esclarece as últimas dúvidas. Mas isso é utópico, só quem não tem vida faz isso (e faz perguntas capciosas na aula), o que geralmente acontece é que você mal consegue estudar depois, que dirá antes. Então você se torna um copiador de matéria ou algo do tipo, pois não acompanha... Eu insisto que copiar faz parte do aprendizado, ainda que esteja disponível numa xerox/livro/pdf, mas o esquema deve ser diferente para outras pessoas, depende da habilidade em absorver informação. Acho que a minha, particularmente, seja visual e cinética (nem lembro se o termo é esse mesmo), eu consigo lembrar em que parte do caderno está uma informação, isso ajuda a memorização. E lembro a posição na sala em que o professor falou certa informação. Sim, vai entender a mente humana, mas isso ajuda pra caramba na hora de extrair informações do cérebro. E os livros, de fato, me parecem desperdício de dinheiro. Felizmente temos bibliotecas, mas se todos dependessem da biblioteca, não ia ter acervo suficiente. A biblioteca do CCMN é excelente, mas não alcança totalmente a engenharia, a do CT é grande e a da Elétrica eu acho que ainda deve um pouco.
Mas, e os livros? Por incrível que pareça, na Poli, eles não são de grande valia. (Salvo, é claro, alguns poucos.) Dada a nossa vivência nas escolas "convencionais", que pautam seus cursos em livros e apostilas, temos tendência a adquirir grossos volumes logo na primeira semana de aula. Não incorra neste erro!
Por quê os livros não resolvem na Poli? Ora, é muito simples. Noventa e nove por cento dos cursos não segue nenhum livro específico: pega alguns capítulos de um, outros trechos de outro, algumas páginas de uma velha apostila, certas anotações de aula apócrifas. Se você comprar um livro, das duas uma: ou ele te servirá demais, ou te servirá de menos; no fim, você sempre perde dinheiro.
Aliás, a não ser que você queira guardar recordações concretas sobre as disciplinas da engenharia, não compre obras que, mais tarde, não te servirão para nada.
O problema mais grave, porém, reside no fato de que os livros nunca contêm exercícios resolvidos em quantidade suficiente, e de forma bem explicada. Na resolução de problemas, geralmente o autor vai até um certo nível — que não é o mesmo da provas da Poli; portanto, insuficiente. E, ao longo dos exercícios, ele comumente salta de uma mera aplicação de fórmula para uma dedução "mágica", sem quaisquer passagens intermediárias, que forneçam alguma indicação sobre o que foi feito entre uma coisa e outra.
O resultado é que, em cinco anos de convívio com colegas bitolados, de imaginação estéril (que só vivem para seus aparelhos — televisão e computador), e com raríssimas meninas, o sujeito, que um dia foi normal, sai da Poli transtornado, bobo, analfabeto — sem ter lido um único livro, sem saber viver em sociedade, sem saber dar bom-dia a uma mulher, sem saber o que é ir a uma festa sem beber, sem ter amigos que não os da Poli, sem ter viajado, sem ter se aventurado, sem ter se arriscado, sem ter se rebelado, sem ter rido, sem ter chorado — enfim, sem ter vivido boa parte de sua juventude. E quem vai empregar um cara assim — sem quaisquer experiências e sem objetivos?
Realmente, tenho constantemente essa impressão de ter minha imaginação e criatividade desgraçadas. Eu inventava histórias boas na escola e tinha muitas invenções a fazer na faculdade, mas aí comecei a ver que tudo que eu tinha "inventado" já existia e era ridículo. E uma idéia inovadora envolveria mudar eficiência de algoritmos, diminuir tamanho de transistores e coisas que estão além da imaginação e intangíveis. E ultimamente tenho tido mais dúvidas de português quando entrei, mas acho que parte da culpa pode estar associada ao corretor aqui do computador. Ele não deixa você escrever o errado. Não deixei de ler, embora tive um grande intervalo de tempo sem ler. Deixei de praticar esportes, tentei a academia, às vezes dava, mas ai comecei a desistir. Atualmente, dou minhas voltas de bicicleta e não paro. Nem que seja sábado e domingo. Nem sempre dá. Às vezes, o domingo é todo dedicado a um trabalho ou à provas antigas.
O xerox é, insisto, item fundamental. Todavia, nem só de anotações de aula vive o politécnico. O verdadeiro mapa da mina são as coletâneas de provas, contendo as questões dos anos anteriores. Se você quiser ter alguma certeza sobre o que vai "cair", consulte esses oráculos e aprenda a resolver cada um dos exercícios de olhos vendados.
Provas
Na nossa Escola não existe, por exemplo, o "meio-certo" e nem a pontuação por "raciocínio". Se a resposta final da questão não bate com o gabarito, está errado — três, quatro ou cinco pontos para a lata do lixo. Não importa se o "passo-a-passo" corresponde ao que foi dado em sala.
Posto isso, faça cada mísera conta com a maior parcimônia, explicite cada ponto ao máximo, apresente uma prova limpa e — sobretudo — preste muita atenção nos detalhes do enunciado.
Se a pessoa que estiver "tomando conta" da sua sala, no momento do exame, for generosa e expansiva, seja inconveniente e consulte-a sempre que não souber resolver algum item. (Alguns professores consideram que, mesmo durante a prova, o aluno pode ser ensinado.)
Esgotado o tempo regulamentar, só te resta esperar.
Saiu a nota, foi baixa? Faça revisão. Chore lágrimas de crocodilo; implore por 0,1 a mais. Descubra o que errou e como errou (a fim de que isso não se repita futuramente). E mostre interesse; assim o professor corrigirá sua próxima prova com mais carinho.
Se o seu caso for realmente grave, visite o mestre de vez em quando para tirar dúvidas. Se o seu caso for gravíssimo, marque uma hora semanal com ele e tome "aulas particulares". (Para que se tenha uma idéia, já consegui recuperar duas notas zero tiradas em P1.)
Em suma: não desista!
Finalizando o quesito provas: nunca jamais deixe de fazer uma avaliação para fazer, posteriormente, a prova substitutiva. A Sub apresenta inúmeras desvantagens com relação a qualquer das demais provas: na Sub, cai a matéria toda; entre as últimas provas e a Sub, o intervalo é de apenas uma semana (não sobra tempo para estudar); os melhores alunos não fazem Sub (você não tem de quem colar); todos entram em férias depois da P3 (menos quem tiver Sub);
A nossa Segunda Chamada continua sendo furada. Muita gente deixa pra fazê-la porque tem medo de ir muito mal na P1, mas acaba sendo um mau negócio, na minha humilde opinião. E o caso mais grave são as provas de Física, sempre feitas para serem IMPOSSÍVEIS na segunda chamada. Nunca fiz Segunda Chamada (nem por necessidade real, tomara que continue assim) e já zerei P1 e recuperei. Fiz isso mesmo, implorei ponto e não deu. Descobri o que errei, refiz todas as provas de Eletrônica III possíveis, enchi o saco do monitor, tirei 9 e 7 e passei. Sempre me preocupei em fazer provas limpas. E fica bem claro, quando não consigo deixar uma prova limpa, é porque vou me ferrar. Unem-se os dois fatos: o de eu estar sem saber a matéria e o de o professor não ter vontade de corrigir uma prova enrolada. Eu tento fazer na ordem, não gosto de começar pela 3, se for para começar pela terceira questão, deixo espaços, mas tomo noção de todas as questões da prova. A prova que zerei foi bem Frankenstein, tinha pedaços de várias questões em vários pedaços da prova.
Professores
Na nossa Escola temos professores de todos os tipos: bons e ruins, excelentes e péssimos, bondosos e maldosos, santos e demônios, severos e liberais, inteligentes e burros, experientes e inexperientes, queridos e detestados, sábios e ignorantes, amigos e inimigos, geniais e malucos. Você vai se acostumar a vê-los em todas essas configurações.
Eu tenho certa esperança dos professores novos: percebo que a maioria dos professores novos são mais didáticos e interessados. Torço pra que seja isso mesmo, os antigos tem uma mentalidade atrasada e os novos perpetuem uma mentalidade mais adequada para o ensino.
Não se acanhe em abandonar a sala de aula a qualquer momento. E, por favor, não se acanhe em experimentar outras salas, outras aulas, outros professores da mesma matéria. Tenha em mente que o seu objetivo principal, na Poli, é passar
Não me acanho e já procurei, mas quase sempre não há opções. É aquele professor mesmo esse ano, ano que vem e sempre. Mas já assisti aula com outro professor e não deu muito certo. Para não me repetir, olhe os argumentos do tópico "Aulas".
Disciplinas
As disciplinas precisam ser, urgentemente, repensadas. Os professores deveriam, no mínimo, conversar entre si; dado que, ao contrário do que se pensa, não existe quase nenhum encadeamento lógico entre as mesmas. "Física I" não tem a menor relação com "Física II"; nem a última com "Física III"; e nem nenhuma das anteriores com "Física IV". E, na Elétrica, "Introdução à Eletrônica" não introduz absolutamente nada sobre o que será visto em "Eletrônica I"; e em "Eletrônica II", o conhecimento anteriormente adquirido não facilita nem um pouco a compreensão da matéria. Tanto é fato, que o professor de "Eletrônica II" não conseguiria jamais tirar uma dúvida de "Introdução à Eletrônica", que é "ensinada" por outro professor — e vice-versa.
Além das lacunas entre as disciplinas, poder-se-ia também falar sobre os tópicos que se repetem; nos programas que se sobrepõe. "Mecânica dos Fluídos" repete coisas de "Resistência dos Materiais" que repete coisas de "Mecânica IV" que repete coisas de "Mecânica III". "Engenharia de Software II" repete quase que completamente "Engenharia de Software I". E a coleção de "Resistências dos Materiais" da Civil? Haverá também nelas tópicos que ecoam indefinidamente? Claro que sim.
Infelizmente, essa falta de conexão ainda existe. Muita coisa é ensinada duas vezes ou mais (o que pode tornar cansativo) e muita coisa é ensinada sem conexão alguma com o que você aprendeu anteriormente (o que se torna preguiçoso).
Laboratórios
Os Laboratórios deveriam ser — pelo amor de Deus — optativos! Todos os alunos detestam aquelas salas e enfrentam as experiências como quem vai pra guerra: com uma preguiça monumental e com um desgosto retumbante. Lá o tempo passa devagar e os ítens na apostila (referentes ao experimento que se está realizando) não acabam nunca.
Isso sem falar nos odiosos relatórios, que são, ano a ano, descaradamente copiados. Segundo a lenda, a primeira turma da Poli os teria feito; a segunda turma teria copiado da primeira, a terceira da segunda, a quarta da terceira — sucessiva e ininterruptamente. Tudo pela preservação dessa tradição centenária.
De tal forma que, a maioria dos professores segue critérios estapafúrdios no que concerne à correção de relatórios e de provas, visto que, com exceção da primeira turma da Poli, ninguém sabe absolutamente nada. Os mestres não têm solução para os aparelhos que falham, fazendo vista grossa para as salvadoras colas durante os exames, dispensando os alunos mais cedo das chatíssimas experiências e arredondando as notas no final do semestre.
A aparelhagem tem melhorado. Em Fisexp III tive problemas com aparelhos várias vezes, mas a maioria dos problemas era com a falta de prática com o aparelho. As aulas práticas geralmente servem para colocar mais teoria, é como um castigo, só sai da sala quando verificar a teoria. E não somos ensinados o básico do básico: como manusear o aparelho. Aí é na base do se vira mesmo . Não creio que deveriam ser optativos, mas podiam ser mais práticos. No mínimo, caminhar paralelo à teoria. Eu acho que as aulas práticas deviam ser antes das teóricas, ia facilitar o compreensão. Muitas vezes, só me preocupei em fazer determinada conta para o preparatório da aula teórica e coisas que, durante a aula, pareciam de outro mundo, na aula prática acabava que era simplesmente Lei de Ohm. E, principalmente, vamos parar com aulas teóricas de programação. É uma das coisas mais chatas que existe (perdendo pra destilações fracionadas e funk no viva voz) e geralmente só uma pessoa esta acompanhando. Programar, pra mim , é a arte de sentar e tentar. Acho mais válido liberar um espaço e o professor ir atendendo dúvidas, juntando os alunos em caso de dúvidas muito constantes (mais ou menos o que algumas pessoas fazem durante as provas com os professores que acreditam que se deve aprender durante a prova).
E tire dúvidas! Seja cara-de-pau, persiga os professores, arranque explicações dos colegas mais CDFs. (Um esclarecimento dado cinco minutos antes da prova pode equivaler a cinco pontos a mais na sua nota.)
Só que, em vez de clima de prova, em ritmo de programação.
A prova estava difícil? a média foi baixa? Então, "os alunos continuam estudando errado!"
E raramente, os professores se preocupam com a média baixa, existindo até os casos dos carrascos que disputam quem teve média menor. E, claro, as bizonhas reprovações por 4,9
As notas não saíram? Não tem importância, abre-se a substitutiva! Pensando melhor, eu sou o professor e "solto as notas quando eu quiser!"
Nem preciso comentar, quem conhece a Eletrônica da UFRJ sabe em quem estou pensando.
Todos já visitamos as salas dos professores algum dia, não é mesmo? (Embora eles próprios nunca estejam lá.) Já reparou como amontoam papéis, livros, estantes, mesas, cadeiras, lustres, cinzeiros, computadores, impressoras, armários, poeira, sujeira, mofo — enfim, percebeu como desperdiçam e como destroem tudo? Quando terminam de bagunçar a própria sala, os anexos e laboratórios de um bloco inteiro, constróem blocos novos — pois, afinal, não cabe mais nada.
Seria injusto afirmar que os professores nunca estão lá. Alguns realmente são difíceis de achar, enrolam na explicação mano a mano, mas geralmente atendem. Agora, o caso das coisas se empilhando acontece com certa freqüência e há um caso patológico que eu e você, caro colega, também sabemos do que se trata. E, caro colega, sabemos que está abrindo um novo espaço para novos empilhamentos. Just as USP1997...
Será que é tão difícil arrumar? Agora, com certeza, o é. Mas o entulho foi construído aos poucos. E você, que contribuiu com a sua parcela de lixo, por quê não arrumou naquela época?? E aquelas pessoas, que passam o dia sentadas em frente aos murais da entrada do bloco principal da Elétrica, será que não poderiam ajudar?
Não se exige nada dos nossos digníssimos professores; não são cobrados por ninguém, não têm de prestar contas. Afinal, Poli não é uma empresa: não se trabalha por um objetivo comum; cada um vive apenas para o seu mundinho. (E, às vezes, nem isso.)
E, mais uma vez, estou pensando numa pessoa, adivinhe mentalmente.
Porque os Alunos não Reclamam
Por quê os politécnicos não reclamam? Ora, muito simples: como um aluno com um, dois, ou até cinco ou seis anos de Poli vai mudar uma estrutura que se mantém imutável há cem anos??
Mesmo os professores (alguns deles) afirmam que o destino da nossa Escola fica a cargo de uma meia dúzia de "caciques" — antiquíssimos, que não arredam o pé de suas convicções, e que, quando provocados, comentam: — "Se deixarmos nas mãos dos alunos, eles acabam com o nome da Politécnica." — como bradava um professor de "Cálculo Numérico". As pesquisas de opinião sempre circulam, e eu acho que até se lê nossos comentários, mas as coisas nunca mudam.
Acredito que tenha a questão de que os alunos simplesmente não são engajados. Já conversei com pessoas de Letras que batem de frente. Mas um politécnico está mais para aquele macho Beta, quer se dar bem, mas sem levar porrada de quem é importante (e não me excluo dessa crítica, eu evito aborrecimentos do nível "mudar o sistema"). Os caciques, tenho esperança que, aos poucos (principalmente aqueles que entraram durante a ditadura militar por decreto) vão se aposentando e a nova geração, se não houver nenhuma Teocracia ou guerra civil, tende a ter um diálogo melhor com o ensino. Claro que existem uns alunos bitolados, desses que não passam material que possivelmente são os professores carrascos de amanhã. E, finalmente, essas pesquisas de opinião, misteriosamente, são aplicadas com certeza pelos professores bons, algumas vezes com os professores ruins e nunca pelos professores péssimos. Esses devem preencher seu próprio formulário de satisfação e botar excelente em tudo... Ou simplesmente ignora, sabe que isso não vai dar nada e que ninguém vai cobrar também...
Afora essas questões, os alunos têm medo de abrir a boca, temendo possíveis represálias dos professores — que podem se vingar de várias maneiras: dificultando as provas; punindo as tentativas de cola com "grau" zero; reprovando por falta; exigindo trabalhos extras; "esquecendo-se" de passar a nota de determinado aluno para a Secretaria; passando a nota errada para a Secretaria; perdendo provas e relatórios (para depois pedir que o aluno venha refazê-los nas férias!)
Cheguei a ver casos de alunos que tinham medo de trancar e abandonavam com medo do professor guardar o nome... Absurdo isso, mas ilustra que realmente os alunos têm medo. Daqui a alguns anos todos nos acharemos tolos por esse medo, mas, atualmente, não temos maturidade nem união para tanto.
Reforma Curricular
Venha aí a salvadora Reforma Curricular, prometendo mundos e fundos. Segundo comentou uma de nossas professoras, "vai, por exemplo, acabar esse negócio de ter de acordar cedo: as aulas começarão a partir das oito horas; vai também acabar com esse negócio de não ter horário de almoço: as aulas irão até o meio-dia, para recomeçarem às duas da tarde, e seguirem até às dezoito horas." Além disso, dizem que o número de créditos por semestre nunca ultrapassará o número de vinte e seis (vinte e seis horas por semana).
Tudo isso é muito bonito e nós agradecemos a consideração. Os organizadores da Reforma Curricular se esqueceram, porém, de que, como tudo o que é planejado em termos de horários e de matérias, só funciona para alunos com currículo ideal. Um aluno médio, que "pegou" algumas dependências, passará por uma sobrecarga de créditos nos semestres finais — e, inevitavelmente, terá problemas com o "novo" esquema de horários.
Será que não atinaram para o fato de que, nos últimos anos, quase todo mundo passa por alguns semestres beirando os quarenta créditos? Pois então: como das oito ao meio-dia, tem-se quatro horas/créditos; e como das duas da tarde às dezoito, só se tem mais quatro horas/créditos — o máximo de créditos por dia será em número de oito. Assim, o aluno que tiver de cursar quarenta créditos, deverá assistir a todas as aulas de segunda a sexta, das oito às dezoito!
No semestre passado, eu cursei quarenta créditos e cumpri vinte horas de estágio semanais — depois da maravilhosa Reforma Curricular, isso será impossível!
Pelo visto, a tal reforma foi mesmo feita, ou então a USP de 97 tinha um horário bem diferente. Nós, da UFRJ, temos que acordar CEDO para chegar às 8, o que seria mais cedo que isso? E, sim , temos aulas de 7 da manhã. Essas raramente começam às 7, alguns facilitam para 7 e meia. E as aulas de horário do almoço. Porque já não prestamos atenção nas 2 horas convencionais, imagina 3 horas... Esse horário, pelo que me dizem, era para realizar trabalhos práticos e ter um tempo a mais de prova. Mas os trabalhos ficam para o seu tempo livre em casa. Sim, porque não aprendemos no horário de aula. Aprendemos no horário de casa. O estudo pode ser em casa, na biblioteca (ir para o Fundão para estudar! Ao menos as bibliotecas têm ar condicionado e consulta), na autoescola ou em qualquer outro lugar. Você acaba tendo que tomar tempo que você poderia estar praticando esportes, desenvolvendo um projetinho paralelo ou morgando na internet para fazer os trabalhos que deviam ser feitos em aula, estudar a matéria que deveria ser aprendida em aula. O sistema é feito para isso. E cá estamos, com 1 hora de almoço das quais 40 absurdos minutos é na fila. Por sinal, certa vez, um professor disse q as aulas eram na verdade de 50 minutos, dos quais 10 eram para se locomover pelo extenso CT.Corremos feito loucos, comemos na sala, não temos 10 minutinhos de pausa. E nosso máximo de créditos é 32. Minha crítica quanto ao horário está na seção que fala dos estágios de 20 horas.
"Na Poli, a pessoa aprende a se virar"
Segundo os otimistas, a desorganização da Poli em termos de matrícula, de notas, de salas, de disciplinas, de professores e de horários — tem papel importante na formação do engenheiro, pois ensinam-no a "se virar" (na vida). Há ainda outros que afirmam que, na Poli, "você aprende a aprender."
Ambos têm razão, mas ambos devem concordar comigo que uma escola de engenharia em que alunos não aprendem, em que os professores não ensinam, de onde engenheiros saem sem saber nada ou quase nada de sua profissão — tem algo de muito errado.
Já falei um pouco a respeito, mas torno a repetir. Parte do aprendizado é isso mesmo de se virar. Empresas gostam disso, é o jeitinho brasileiro aplicado à tecnologia. O jeitinho brasileiro, de modo geral, é algo que eu desprezo bastante, porque as coisas acabam sendo feitas nas coxas, mas no ambiente universitário, as coisas são bem feitas e o jeitinho envolve desafios que vão fazer você fazer as coisas com pés nas costas no ambiente industrial (se a empresa for decente, claro, espero eu) . Outra parte do que interessa às empresas é a habilidade de trabalhar com vários trabalhos (no caso, assuntos bem diferentes, como controle, programação e organização empresarial) e conseguir cumprí-los, ao mesmo tempo em que os prazos são curtos. Se o cara pega aí suas seis matérias, seis coisas loucas que não se comunicam e dá seu jeito, imagina quando tiver trabalhando, só vai fazer aquilo, vai ter foco. O céu é o limite. E o cara, acostumado com trabalhar na pressão dos prazos, produz bem mais. Deve ser isso, afinal de contas, que procuram no Engenheiro da UFRJ. Os livros tão aí, são os mesmos para todas as faculdades. Os professores detonam na pesquisa, mas no ensino, em grande parte, deixam a desejar. Você aprende a ser autodidata. Em resumo: aprender a trabalhar com prazos, com pressão, com múltiplas tarefas, com orientação escassa, formação de contatos e engenharia social. Sim, você, colega, pode colocar isso tudo no seu currículo. Pois são esses os nossos diferenciais. A passagem da informação pode não ser adequada, mas a cobrança é alta e quem não se mexer, dança. Não existe mamata verdadeira: o máximo que eu vi de mamata foi a aula meramente presencial. Mas, de resto, se a prova é fácil, a correção é insana. Se a correção é mão leve, a matéria é complicadíssima. E, se tudo é tranqüilo, você tem sorte de estar com um bom professor e, na verdade, está vendo coisas muito avançadas sendo bem ensinadas. Então, de fato, o aluno POLI é diferenciado. Melhoramos muito em infraestrutura, de forma geral, nas instituições federais, mas tem acontecido uma desvalorização do acesso (cotas e ENEM) e uma expansão ignorante de instituições (criam campus Macaé sem estrutura suficiente, idem idem para novas unidades do Pedro II e UEZO), numa maquiagem similar às UPAs, prédios bonitos por fora, sem condições por dentro, o que pode acabar por diminuir o prestígio das instituições de forma geral.
PS: Já ia me esquecendo! Por que diabos o elevador do bloco H ou o caixa eletrônico param misteriosamente de funcionar? Sério, essas coisas enguiçam, eu sei, mas tipo, semana sim semana não? Tem bagre nessa história... Tem rabinho...
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