6 de out. de 2012

Por que eu abandonei o Voto Nulo

Este post não defende candidato específico e é recomendável a leitura com a mente aberta. Se sua mente está fechada como de torcedor de futebol, quer para o voto nulo, quer para o candidato X, a leitura é perda de tempo.


No começo das eleições, estava convencido a votar nulo. Desiludido com a política e a falta de opções, percebendo que meu voto não vai decidir nada, que existem massas de manipulação com poder de voto muito maior que o meu, votaria nulo, mas não como protesto ou forma de "anular a eleição" - até porque voto nulo não anula eleição. Mas meu voto nulo era apenas porque tanto faz, não faço a menor diferença para o sistema. E, o sistema baseado em tempo de televisão, marketeiros e cabos eleitorais, perde toda a essência da "Sabedoria das Multidões", já que, ao contrário do conceito de sabedoria das multidões, estas eleições são influenciadas. Se fosse um voto com campanhas em iguais condições e sem vetores eleitorais, talvez o voto da maioria fosse digno. Ou pelo menos, seria um erro ajustável. Individualmente, somos burros para escolhas, mas, coletivamente, podemos fazer boas escolhas. Entretanto, não é o caso. E vou explicar brevemente os conceitos de vetores eleitorais e voto ponderado.

O perigo de juntar marketing e democracia
Como a eleição é injusta, quer nos tempos de televisão, quer no acesso ao dinheiro, temos disparidades. Além disso, existem pessoas com o poder de influenciar voto. Algumas não deveriam influenciar, outras não deveriam se deixar influenciar e há muita coisa suja nesses meio termos. Aí entra o conceito do Vetor Eleitoral. Um vetor eleitoral consegue formar uma massa de votos. Por exemplo, um pastor pode influenciar seus fiéis a votar em determinado candidato. Ele tem uma boa ponderação eleitoral, vamos dizer que o voto do pastor vale 100. Este voto ponderado equivale às 100 pessoas que ele conseguiu convencer a votar no seu candidato. Digamos que eu consiga convencer  minha mãe a copiar meu voto, tenho uma ponderação de 2... Pífio perto dos altos coeficientes alcançados por aí...

Há muito mais sujeira que um simples "Eu apoio" no Cavalete, vide pedágio pra campanha em favelas
Então, fiquei convicto que meu voto valia porcaria nenhuma. Mas venho criando esperanças numa melhora lenta e gradual da democracia, temos aí figuras como Jean Wyllys e Cristóvam Buarque pra nos encher de esperança e levo fé que as redes sociais, a estabilização da democracia (ainda temos muitos eleitores dos tempos da Ditadura e a adequação desse público leva um tempo) e o amadurecimento possam melhorar o voto. Mas, ainda assim, meu voto, neste momento é inútil... Não vale um décimo do voto do ignorante da favela... Foi então que comecei a enxergar uma forma de protesto melhor que o voto nulo.

Recebi no Facebook
Não que meu voto nulo fosse de protesto, como disse anteriormente, era mais de indiferença do que de protesto. Porém, encontrei uma saída mais inteligente: o voto no último colocado das pesquisas. O primeiro argumento é que, para este candidato, eu sou muito mais importante que para o primeiro colocado, que possui um curral. Porque, percentualmente, eu represento uma faixa muito maior para o candidato "fraco" do que para o "forte". Em segundo lugar, como meu voto não faz diferença, ele não vai ganhar por isso, mas, melhor que o voto nulo, este é um voto que é realmente validado, e ajuda a atrapalhar a vitória no primeiro turno.

Melhor ainda seria se houvesse uma mobilização coletiva. Os votos brancos e nulos representam 8% numa pesquisa de intenção de voto aqui no Rio. Se todos se mobilizassem pra votar no último, ele estaria em terceiro nas pesquisas, mesmo que só 50% dos votos nulos fossem herdados por ele... E isso provocaria um rebuliço danado nos partidos tradicionais e poderes paralelos. Voto nulo não anula eleição, mas um último colocado, que nunca é ouvido em debates e entrevistas, disputando um segundo turno seria algo espetacular. Ele provavelmente seria detonado pelo marketing dos candidatos de ponta, que são preparados para receber qualquer pergunta e refutar. Entretanto, o candidato do "voto nulo" teria a genuinidade e o "nada a perder" a seu favor. É uma proposta interessante e acho que deveria ser incorporada. E está bem claro que uma mobilização pode acontecer. Tenho dois exemplos que ilustram isso.




Temos o grupo VOTE NULO no facebook, com mais de 7 mil simpatizantes, com algumas pessoas fazendo comentários de desilusão com a política e outras, simplesmente sendo odiadores (haters) e que querem protestar. É uma idéia legal pelo fato de unir por um ideal, mas acaba que ninguém é mente aberta e caímos no problema do torcedor de futebol. Tem o cara que sempre vota no PT, independente dos fatos, o que apóia o PMDB mesmo com toda lama e o que vota nulo, mesmo tendo esses lamacentos próximos de ganhar no primeiro turno. Gostaria de argumentar com eles que o verdadeiro voto de protesto é aquele que impede o ladrão de assumir, ou pelo menos dificulta as coisas.




O outro exemplo se refere ao voto de sacanagem, com o qual também não se consegue uma melhora. Tivemos aí Dr. Eneas, Clodovil e Tiririca eleitos com números récordes de voto... O problema é que esse voto de sacanagem acaba por eleger gente ruim por fora, por conta do famigerado Coeficiente Eleitoral. Exceto pelo Dr. Eneas, os outros dois eram de partidos classicamente safados (PP e PL, atual PR, se não me engano), ou seja, ajudaram gente suja a se manter no poder. Já Dr. Eneas estava dentro do que eu defendo, era um clássico disputador de eleições que só estava ali pra pentelhar e acabou ganhando. Calhou dele morrer e nunca sabermos o que diabos ele ia fazer, mas os outros membros do partido dele se mostraram safados e foram pra algum partido safado após sua morte. Mas a idéia é por aí... Se os que estão no poder só fazem merda, que tal colocarmos gente que nunca foi eleita? Ou melhor, partidos que nunca foram eleitos. E, se de repente, tivéssemos um PSTU, um PPL, um PCO no segundo turno...

Acredito que, depois da Ficha Limpa, uma coisa do bem, e a mobilização pelo voto nulo, algo inútil, uma mobilização para eleger "surpresas" seria algo muito interessante de se ver, colocando em cheque esquemas e currais eleitorais.

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Quem sou eu

Raphael Fernandes
Carioca, Brasileiro, Estudante de Robótica
Hiperativo, Imperativo
Gosto de tecnologia, de transporte, de Rock, de reclamar e de propagandas criativas (e outras coisas que posso ter falado em um post ou não)
Musicalmente falando, sou assim.

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